SACRO, SECULAR E PROFANO
Vamos compreender alguns conceitos. Existe música sacra, música secular e música profana. Satanás deseja desvirtuar a humanidade, especialmente no que diz respeito à adoração a Deus, e uma de suas estratégias é unificar estes três elementos, misturando seus conceitos, causando, assim, uma confusão no louvor.
Música sacra: o que significa sacro? Significa santo, separado. Algo separado é algo colocado à parte, algo não comum, algo exclusivo. Concluímos então que a música a ser usada para Deus é a música sacra; logo, ela tem que ser separada, diferente,
exclusivamente para Deus.
Música secular: o que significa secular? Significa “do século”, comum, corriqueiro. O sábado é um dia sacro, no qual desempenhamos atividades sacras, sagradas, separadas. Os outros dias da semana são seculares, nos quais desempenhamos atividades seculares. Aos sábados nós não trabalhamos, pois é um dia separado, mas nos outros dias nós trabalhamos. Existe pecado em trabalhar? De forma alguma. Alguém vai para o trabalho para adorar a Deus? Sabemos que devemos honrá-Lo em tudo que fazemos, mas em nossos empregos especificamente desenvolvemos uma atividade profissional, secular. Muitas pessoas pensam que, como cristãos, só podemos ouvir músicas sacras. Mas notemos o seguinte: aos sábados eu tenho atividades sacras e nos outros dias eu tenho atividades seculares. Então eu posso louvar a Deus com música sacra e também ouvir música secular. Veremos alguns exemplos mais adiante. A própria irmã White relatou ter ouvido música secular muito bem executada quando em viagem à Nova Zelândia em Fevereiro de 1893. Ela escreveu: “Por cerca de uma hora a neblina não se dissipava e o sol não conseguia penetrá-la. Os músicos (no navio), que deviam desembarcar naquele local, entretinham os impacientes passageiros com música bem apresentada e bem selecionada. Ela não feria os sentidos como na noite anterior, mas era suave e realmente gratificante aos sentidos porque era harmoniosa” (Carta 6b, p. 2 e 3).
Música profana: trabalhar é uma atividade secular e não há mal nenhum nisso. Mas se eu trabalhar na produção de cerveja ou cigarros? E se eu trabalhar em uma boate? Então estarei desenvolvendo uma atividade que, além de secular, é profana. Profano significa declaradamente contrário a Deus e aos Seus princípios. A mesma coisa se aplica à música. Eu uso música sacra porque a ponho à parte para adorar a Deus e uso música secular para outras atividades. Mas essa música secular que eu ouço e pratico não pode ser profana. Tomemos alguns exemplos para compreendermos melhor estes conceitos. Eu posso cantar: “Santo, Santo, Santo, Deus onipotente, cedo de manhã cantaremos Seu louvor”, pois estou adorando a Deus e entoando um hino exclusivamente para Ele. Eu também posso cantar: “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo o heróico brado retumbante...”. Esta música não é direcionada à adoração a Deus, mas é um hino cívico, em homenagem à nossa pátria, portanto um hino secular. Mas se eu cantar, como Marilyn Manson “Suicide is painless ... and I can take or leave it if I please, and you can do the same thing if you please”, “O suicídio é indolor ... e eu posso fazê-lo ou deixá-lo se eu quiser, e você pode fazer o mesmo se quiser”, ou se eu cantar um funk, com uma série de conteúdos obscenos, eu estarei ofendendo a Deus e ferindo os princípios cristãos. Ou seja, é uma música imprópria a qualquer momento. O grande problema hoje é encontrar música secular que não seja profana. E com essa mistura é que Satanás pretende atingir seus objetivos, levando de maneira sutil e,
posteriormente, cada vez mais aberta, a sua música para dentro da igreja, até o ponto em que o sacro não seja mais praticado. Ele sempre utilizou a música para acabar com o louvor a Deus e pode até ter começado pelos povos pagãos, mas seu objetivo maior sempre foi atingir o povo de Deus, praticante da música sacra. Fiquemos atentos!
UMA BREVE ABORDAGEM HISTÓRICA
Historicamente, observamos uma diferença entre o povo de Israel e os povos pagãos no que diz respeito às manifestações musicais e de culto. Mas o diabo logo incitou os israelitas a aderirem ao estilo de música e culto dos povos pagãos, visto que estes haviam sido escravos por séculos e ainda tinham muito da cultura pagã em seus corações. Posteriormente, a igreja primitiva também louvava a Deus com música, mas o cristianismo sofreu um desvirtuamento ao começar a comprometer os seus valores para abarcar uma maior quantidade de pessoas e tornar-se mais popular. Diante disso, o papa Gregório I esforçou-se para elevar a espiritualidade musical. E para tal, ele criou um estilo que ficou conhecido como “Canto Gregoriano”, com base na melodia, com canções entoadas em uníssono, de ritmo livre, sem compasso e sem acompanhamento. Na Europa, todo o sistema musical era controlado pela Igreja. Os maiores compositores eram Bach, Beethoven, Vivaldi, Haendel, entre outros, que normalmente compunham músicas de conteúdos religiosos, como “Jesus, Alegria dos Homens”, “O Messias”, “Aleluia”. Inclusive a melodia do hino de número 14 do nosso hinário, “Jubilosos Te Adoramos”, foi composta por Ludwig Van Beethoven. Havia também os mecenas, pessoas que patrocinavam a arte, a ciência e o ensino da época, e a maior parte deles estava ligada à Igreja. O maior cliente dos compositores era a Igreja, então ela controlava o conteúdo das composições. Mas algo aconteceu depois: os descobrimentos. Os portugueses saem e encontram o Brasil; os espanhóis vão para os outros países da América Latina e os ingleses vão para a América do Norte, cada um por motivos diferentes e levando consigo escravos africanos. Começa então a descoberta do Novo Mundo e culturas misturam-se. Temos uma união de escravos africanos e homens europeus que vieram para o Novo Mundo, e índios que já estavam no Novo Mundo, ocorrendo assim o que chamamos de “miscigenação de culturas”. Estas três culturas unem-se, com suas respectivas cargas musicais. A música erudita da Europa se mescla aos tambores africanos e indígenas. Posteriormente, inicia-se a guerra americana, entre norte e sul, para libertação dos escravos. Uma parte dos Estados Unidos acredita que eles devem ser libertos e outra parte acredita que não, dando início a um conflito. O assim chamado “homem branco” é convocado para a guerra e penhora seus instrumentos antes de partir, deixando-os como garantia diante do risco de nunca mais voltarem para casa para continuarem a cumprir com suas obrigações financeiras. O “homem negro” começa a ser liberto e passa a trabalhar por salário. Com esse dinheiro, vai às lojas e compra os instrumentos que foram penhorados. Inicia-se então uma instrumentalização do africano, surgindo duas vertentes musicais importantes: de um lado temos o afro-americano que acredita em Deus, cantando músicas com mensagens religiosas; do outro lado temos o afro-americano que não acredita em Deus, cantando músicas com mensagens profanas. E neste contexto de música profana surgem três estilos musicais muito conhecidos: o Blues, o Jazz e o Swing. Antes de continuarmos, é de suma importância que o leitor compreenda que, quando falamos em europeus, escravos africanos e indígenas, nossa intenção não é responsabilizar etnias pela degradação moral e musical da sociedade. Em toda a história da humanidade, Satanás usou pessoas de acordo com a ocasião para atingir seus objetivos. Portanto, o atual estado da raça humana não foi causado por brancos, negros
ou índios, mas por pessoas de todas as etnias que se permitiram controlar pelo poder de Satanás. Voltando às origens dos estilos musicais anteriormente citados, vamos compreender algumas questões. Blues, traduzido para o português, quando se trata de estilo musical, significa “tristeza, melancolia”. Não é à toa que os temas do Blues são os vícios e os amores desfeitos. Temos também o Swing, que significa balanço, pêndulo. Em relação ao estilo musical, Swing é uma clara alusão ao movimento corporal durante o ato sexual, e foi aplicado porque a música tem aquele vai-e-vem. Jazz tem sua origem na palavra “Jizz”, que significa ejaculação. Este estilo musical representa o auge do prazer físico. Partindo do nascimento do Blues, do Swing e do Jazz, surge o Rock and Roll, do qual falaremos mais adiante. Antes, porém, já podemos notar que este estilo musical nasceu em um ambiente profano, criado por pessoas que viraram as costas a Deus. É importante que estejamos atentos, pois Satanás utiliza uma ferramenta chamada “terrorismo estético”. Ele toma coisas boas em si mesmas e as deterioram de forma que se tornem destrutivas. Por exemplo, suco de uva é algo saudável, mas, se for fermentado, as pessoas o consumirão e ficarão viciadas em algo destrutivo. Sexo é algo prazeroso e santo aos olhos de Deus, quando praticado dentro dos limites do casamento. Mas se o sexo for deteriorado, desmoralizado, tornar-se-á a causa da ruína de muitos. E este “terrorismo estético” é realizado principalmente na música, na arte e na literatura. O Espírito de Profecia confirma esta estratégia quando diz: “Satanás mesmo imaginou um plano. Ele tomaria o fruto da vide, também o trigo e outras coisas dadas por Deus como alimento, e convertê-los-ia em venenos que arruinariam as faculdades físicas, mentais e morais do homem, dominariam de tal maneira os sentidos, que Satanás teria sobre eles inteiro controle. (...) há muitas coisas que são boas em si mesmas, mas que pervertidas por Satanás, provam-se um laço para os desprevenidos” (Conselhos Para a Igreja, p. 103 e 163).
Leandro Dalla B. Santos.
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